Introdução
A morte e ressurreição de Jesus de Nazaré são eventos centrais da fé cristã. No entanto, quando mergulhamos nos registros históricos, religiosos e esotéricos, surge uma pergunta provocadora: será que Jesus realmente morreu numa sexta-feira e ressuscitou num domingo? Os registros judaicos, cristãos, romanos e católicos concordam com as datas? Existem outras fontes que confirmam ou contradizem a cronologia tradicional?
Neste post, desvendamos os fios dessa cronologia misteriosa, comparando textos bíblicos, registros históricos e escritos apócrifos para descobrir se o calendário litúrgico que seguimos hoje realmente reflete os acontecimentos do primeiro século.
1. Cronologia Cristã Tradicional
Segundo a maioria das igrejas cristãs (católicas e protestantes), Jesus foi crucificado na Sexta-feira Santa e ressuscitou no Domingo de Páscoa. Essa tradição se baseia nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), que relatam que Jesus morreu no dia de Preparação (sexta à tarde) e ressuscitou “ao terceiro dia”.
O problema com essa cronologia:
Da sexta ao domingo há apenas duas noites completas, e não três dias e três noites, como Jesus previu em Mateus 12:40.
2. O Calendário Judaico e a Páscoa
Jesus morreu durante a festa da Pessach (Páscoa), que segue o calendário hebraico lunar, e não o calendário solar gregoriano. A Páscoa começa no 14º dia de Nisã, que varia a cada ano.
O Evangelho de João sugere que Jesus foi crucificado antes da Páscoa (14 de Nisã), enquanto os sinóticos indicam que ele celebrou a Ceia Pascal, o que implicaria sua morte em 15 de Nisã.
A teoria da quarta ou quinta-feira:
Alguns estudiosos acreditam que Jesus foi crucificado numa quarta ou quinta-feira, permitindo três dias e três noites até a ressurreição. Isso se baseia na distinção entre o “Shabat semanal” e o “Shabat alto” (feriado), citado em João 19:31.
3. Registros Romanos e Fontes Históricas
O historiador romano Tácito, nos Anais (XV, 44), menciona a execução de Cristo sob o governo de Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério.
O historiador judeu Flávio Josefo, nas Antiguidades Judaicas (18:3.3), também menciona a crucificação de Jesus por ordem de Pilatos.
4. Datas Variáveis no Cristianismo Primitivo
Cristãos orientais (ortodoxos) e ocidentais (católicos romanos) celebram a Páscoa em datas diferentes devido ao uso de calendários distintos: gregoriano e juliano.
5. Textos Apócrifos e Gnósticos
Evangelhos gnósticos, como o de Pedro e o de Tomé, dão outros detalhes finais da vida de Jesus, mas o Evangelho de Nicodemos menciona sua descida ao Hades por três dias, reforçando a ideia das 72 horas completas.
6. A Cronologia foi Alterada?
Alguns teóricos sugerem que a tradição da sexta ao domingo foi adotada para alinhar-se com a liturgia romana e facilitar conversões, utilizando o “domingo” como dia sagrado (dies solis).
7. Quando Jesus Morreu Segundo as Fontes?
Tradição | Dia da Morte | Ressurreição | Calendário |
---|---|---|---|
Cristianismo ocidental | Sexta-feira Santa | Domingo de Páscoa | Gregoriano |
Cristianismo ortodoxo | Variável | Variável | Juliano |
Evangelho de João | 14 de Nisã (quinta) | 17 de Nisã (domingo) | Hebraico |
Evangelhos sinóticos | 15 de Nisã (sexta) | 17 de Nisã (domingo) | Hebraico |
Teoria literal | Quarta-feira | Sábado ao entardecer | Bíblia |
Conclusão
Independentemente da data exata, o mais importante é a mensagem: a vitória sobre a morte. No entanto, questionar a cronologia é saudável para quem busca a verdade histórica. Talvez a tradição tenha sido adaptada. Talvez os evangelhos usem uma linguagem mais simbólica que literal.
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